sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Diário de uma república - Cap 1 Coração em pedaços - part 3


Moro com meus pais numa casa enorme, ela funciona como república. Moramos com mais quatro pessoas fora da nossa família, a Flora, que é filha do porteiro e da cantineira da escola, a Paula e o Paulo que são irmãos e um tal de José que saí muito e eu quase não o vejo. Ah, e eu não posso esquecer de falar da Kelly, minha irmã mais nova.
Minha mãe sempre quis o meu melhor e assinou um monte de notas promissórias para pagar o meu colégio. Não tínhamos dinheiro para isso e ela nunca me quis por em escolas públicas.
Há dois anos o nosso colégio foi considerado o melhor do estado, por isso, milhões de pessoas querem que seus filhos estudem lá, mas por ser uma cidade do interior, os da capital não tem acesso. Por isso o colégio criou convênios com algumas repúblicas, uma delas a da minha mãe.
Com esse convênio, minha mãe conseguiu uma bolsa integral pra mim. Mas essa bolsa só é válida enquanto minhas notas forem acima da média. Minha mãe nunca teve preocupação em relação a isso. Sempre fui boa aluna, menos em inglês. Eu não suporto inglês e sempre passo raspando.
Meu pai e minha mãe, sempre se orgulharam de mim, e das minhas notas, principalmente em matemática, minha matéria preferida. Eu sei que muitas pessoas, se lessem isso aqui iam dizer: “Eca! Matemática? Odeio matemática!”. Mas nenhuma menina leria isso, afinal de contas, isso aqui é apenas o meu diário.
As fórmulas-testes que o Oswaldo passa, são uma das coisas das quais meus pais amam saber que a filha se saiu, como sempre, bem. E eu sei que eles ficariam arrasados se eu errasse o teste de hoje.
Encarei a equação, era fácil, eu sabia disso, só não sabia como fazer. Muito devagar, olhei letra, número, sinal, um por um, aquele monte de potências, de raízes quadradas, cúbicas, aquele monte de coisa e eu não sabíamos o que fazer com eles.
Muito lentamente tirei o bocal do piloto vermelho que o Oswaldo me entregou. Eu estava nervosa e desesperada, o que eu iria fazer? Fui aproximando o piloto do quadro e...
Fui salva pelo gongo! O sinal bateu. Hora de trocar de professor e esquecer a fórmula do Oswaldo.
- Próxima aula Marina, eu trago uma mais complicada! – falou ele apagando o quadro.

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